domingo, 15 de agosto de 2010

Muito além do Cidadão Kane

Devido a um post anterior aqui no blog, interessei-me por aprofundar o assunto referente a "industria cultural" existente no país. Foi produzido um documentário pela BBC Inglesa no final dos anos 80 trazendo uma análise dos meios de comunicação brasileiros no momento, este documentário, com título que exponho neste post foi banido do Brasil naquela época, quando os governos de Direita ainda eram fortes, apoiados e alicerçados pela mídia de massa nacional, da qual a Rede Globo era e ainda é o carro chefe.
"Cidadão Kane" é um filme americano dos anos 40 que demonstra a vida de um magnata das comunicações, provavelmente inspirado na vida de William Randolph Hearst, que manipulava a opinião publica da população em torno de seus interesses. O documentário em pauta usa o filme como referência, mas demonstra o quanto o poder de Roberto Marinho, presidente das Organizações Globo angariou ainda mais porder que o personagem do filme em questão, tornando-se um verdadeiro quarto poder no país durante décadas, ainda exercendo imensa influência sobre a massa.
O documentário, disponível facilmente graças a unica liberdade real existente na terra, a internet.
Posto os links, lamento desde já a baixa qualidade dos videos.

Parte 1
http://www.youtube.com/watch?v=JA9bPyd1RKQ
Parte 2
http://www.youtube.com/watch?v=m0m1rmi-Ooc&feature=related

Silvio Victor Campos


sábado, 14 de agosto de 2010

Coisas que não vemos na Globo

FARC alimentam discurso de Uribe

A oposição conservadora volta a brandir o espectro da guerrilha colombiana contra o PT e sua candidata presidencial. A tentativa, recorrente, é transformar em fardo eleitoral eventuais relações da esquerda brasileira com a insurgência no país vizinho. O palavrório acabou amplificado pelo ex-governador José Serra, na paralela dos ataques furibundos de Álvaro Uribe contra a Venezuela de Chávez.

Afinal, o discurso contra as FARC aparece, nos mais distintos cenários, como peça de resistência dos grupos de direita, em seu propósito de atribuir à esquerda uma lógica antidemocrática. Ainda que esse recurso propagandístico reflita décadas de orquestrada desinformação, não é possível silêncio sobre a organização armada ter-se convertido em cúmplice objetiva do uribismo e seus sócios continentais.

A estratégia do presidente colombiano apoia-se em pretexto indispensável: a existência de grupo violento, supostamente vinculado ao narcotráfico, só poderia ser combatida pelo recrudescimento da violência de Estado. Esse motivo, turbinado pela mistificação, também serve na costura de consenso para a quebra de soberania implícita no Plano Colômbia e na implantação de bases militares norte-americanas.

Não há novidade na conduta. A história das ditaduras revela em abundância a utilização dessa pegada. Só foi possível às forças de esquerda sair de tal armadilha, entretanto, quando deram vida a projetos capazes de conquistar apoio popular e apresentar viabilidade como alternativa de poder. As FARC estão longe de encarnar essa perspectiva. Tratam-se, atualmente, de agrupamento condenado ao isolamento político e ao declínio militar.

Também a FLN vietnamita e o cubano M26, para ficarmos em dois exemplos notórios, foram tratados, em seu tempo, como as mais abomináveis quadrilhas de terroristas e bandoleiros. A diferença central é que possuíam força propulsora: expressavam amplamente a vontade social de seus países. A guerrilha colombiana, estrategicamente derrotada, gira sobre si mesma e suas necessidades de sobrevivência.

As FARC, fundadas em 1964, não inventaram a violência. Representaram, ao nascer, resposta legítima dos movimentos camponeses contra a feroz repressão oligárquica, que associava os interesses latifundiários e as primeiras operações dos monopólios da cocaína. Durante décadas enfrentaram a aliança entre o Estado e grupos paramilitares financiados pelo narcotráfico. A organização insurgente, nesse período, tornou-se protagonista da vida política.

O colapso da União Soviética ao final dos anos 80, no entanto, criou um novo equilíbrio de forças, desfavorável às formações guerrilheiras. A maioria delas – como a Frente Farabundo Marti, em El Salvador, e mesmo outros grupos colombianos – se decidiu por abandonar armas e se converter em partidos políticos. As FARC seguiram pela via militar até exaurirem energias políticas e conexões populares.

Com razões de sobra, os chefes da guerrilha alegam desconfiança na disposição da direita colombiana em buscar acordo de paz e reinserção. Na principal tentativa realizada, em 1985, milhares de combatentes desarmados, inscritos na União Patriótica, foram massacrados pelos paramilitares. Mas o fato é que, com ou sem desconfiança, não parecem restar opções às FARC além de uma saída negociada ou a agonia final.

Sua insistência na orientação beligerante, no entanto, revela-se útil à política de Álvaro Uribe. A guerrilha, mesmo desidratada, serve como espantalho contra o desenvolvimento de qualquer solução mais progressista. Além da serventia na frente interna, a especulação sobre os vínculos da esquerda de outros países com o grupo rebelde constitui importante plataforma para a intervenção política e bélica dos Estados Unidos no continente.

Apenas as próprias FARC podem mudar essa situação de forma positiva à esquerda, adotando um compromisso inequívoco com a pacificação e aceitando salva-guardas que hoje podem ser oferecidas pelos governos democráticos da região. A libertação incondicional de reféns, a declaração unilateral de cessar-fogo e a solicitação de mediação internacional para a paz talvez fossem um bom começo.

Passos dessa natureza poderiam, de toda forma, romper a coluna vertebral do discurso uribista e neutralizar uma das principais variáveis da política de Washington para recuperar o espaço perdido na América do Sul.

Fonte: http://operamundi.uol.com.br/opiniao_ver.php?idConteudo=1195&__akacao=293599&__akcnt=562c1cf9&__akvkey=91dc&utm_source=akna&utm_medium=email&utm_campaign=Boletim+Opera+233

O que distancia o eleitor da política?


Em tempo de eleições uma dúvida muito pertinente surge em nossos pensamentos: porque grande parte dos brasileiros não gostam ou se mostram intolerantes quando o assunto é política? O discurso popular demonstra sempre um certo desprezo e falta de interesse por este tema, recebendo grande apoio da mídia e até, de certa forma, das instituições de ensino.


Há uma determinada frase que afirma que “a desgraça dos que não se interessam por política é serem governados pelos que se interessam”. Em nosso país esta afirmação cabe perfeitamente. A corrupção e todos os males da política nada mais são do que frutos do desinteresse dos brasileiros em relação a este assunto. O que fazem é simplesmente dar continuidade àquelas velhas frases populares: “todo político é ladrão”; “voto no que roubar menos”, etc. Não é preciso dizer que são afirmações sem fundamentos e medíocres, diante do enorme e bem diversificado país em que vivemos e, por isso, país que merece ser bem administrado. Essa antiga política do “deixa pra lá” já prejudicou e muito a educação no Brasil, pois em um regime democrático se a população não mostrar seus desejos e interesses, os governantes conduzirão o país de acordo com seus próprios anseios, e não segundo a vontade da maioria. Que Democracia é essa então? Citei a educação pois acredito que seja o grande motor de desenvolvimento de qualquer nação e também por ser esse o principal fator que aproxima o eleitor da política. Por isso, é nas escolas que deveria iniciar a consciência política dos brasileiros, mas infelizmente essas instituições não fazem sua parte. Disciplinas como Filosofia, Sociologia, História e Geopolítica, que tratam do assunto, são de curta carga horária nas escolas. E se prestarmos um pouco de atenção podemos até dizer que tal fator não passa de uma estratégia da elite dominante brasileira, estando no Congresso ou não, de facilitar seu controle sobre a sociedade, pois se o cidadão não gosta de política, logo ele não incomoda e não apresenta nenhuma ameaça à “ordem” estabelecida.


Outro importante meio de desqualificação da política é a grande mídia. Esta exerce grande influência na formação do pensamento do brasileiro e ajuda à população formar conceitos sobre os mais variados assuntos. Os programas humorísticos são as principais armas que ridicularizam tanto a política como os próprios políticos. Fazem piadas e satirizam candidatos e parlamentares transmitindo a imagem da política como algo banal e sem importância. Já em época de eleições a mídia (em especial a televisão) tenta se redimir dizendo para o eleitor “votar consciente”, “pesquisar o passado e as propostas dos candidatos”. Votar consciente em quem? No político que eles transformaram em palhaço? Pesquisar o passado e as propostas de quem já foi ridicularizado por eles? Infelizmente como grande parte de nossa população não possui boa formação escolar para gerar senso crítico, não percebe a falta de respeito que há com o próprio brasileiro. Pois, agindo desta forma, a grande mídia subestima a capacidade intelectual dos cidadãos e faz com que nos tornamos, cada vez mais, simples marionetes da elite brasileira. Isso por que passam quatro anos nos afastando da política e apenas alguns meses tentando nos aproximar dela.


O que fazer então para mudar essa visão negativa sobre política e despertar mais o interesse da população sobre o tema? Várias medidas podem ser tomadas, é claro que todas a longo prazo. Mas, como já afirmei, creio que nenhuma será tão eficaz do que se começarmos a pensar nisso a partir das escolas. E esta luta deve ser iniciada pelos próprios profissionais da educação, não esperando propostas do Estado, pois o que este deseja é continuar mantendo o controle sobre a sociedade e favorecendo uma classe em detrimento de outra.


Felipe Ferraz

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A arquitetura megalítica de Tiahuanacu


Em meio ao altiplano boliviano existem ruínas de diversas camadas civilizatórias que se estabeleceram ao longo dos milênios de ocupação humana neste continente, distante do mais glamuroso sítio arqueológico da América do Sul, Machu Picchu, apenas algumas horas de viagem, tem uma arquitetura intrigante.

Acredita-se serem restos de uma civilização que precedeu aos Incas, possivelmente seus antepassados, mas que abandonaram aquele local por razões que não podemos identificar. O nome, Tiahuanaco significa "pedra do meio", por haver uma crença entre os habitantes locais no tempo da invasão espanhola de aquele local ser o centro da terra. Tal noção é bastante comum entre povos em estágios líticos, sendo observável em diversas partes do mundo. De qualquer maneira, no século XVI este local já havia sido abandonado há muito tempo.

Saques e falta de senso histórico causaram diversos danos ao local, mas os alicerces de prédios publicos ainda permanecem, alguns demonstram extradordinária capacidade geométrica e de trabalho em pedra, apresentando cortes retos com uma precisão impressionante. Vale ressaltar que os construtores destes monumentos utilizavam-se apenas de pedras para a sua construção.

O portal, peça mais memorável do monumento está rigidamente alinhada com o nascer do sol no solstício de verão (dia mais longo do ano), uma visão magnífica da precisão e meticulosidade destres construtores da idade da pedra. Seja pela proximidade, seja pela qualidade do trabalho, creio valer a pena conferir e estudar o sítio.

Silvio Victor Campos