Em tempo de eleições uma dúvida muito pertinente surge em nossos pensamentos: porque grande parte dos brasileiros não gostam ou se mostram intolerantes quando o assunto é política? O discurso popular demonstra sempre um certo desprezo e falta de interesse por este tema, recebendo grande apoio da mídia e até, de certa forma, das instituições de ensino.
Há uma determinada frase que afirma que “a desgraça dos que não se interessam por política é serem governados pelos que se interessam”. Em nosso país esta afirmação cabe perfeitamente. A corrupção e todos os males da política nada mais são do que frutos do desinteresse dos brasileiros em relação a este assunto. O que fazem é simplesmente dar continuidade àquelas velhas frases populares: “todo político é ladrão”; “voto no que roubar menos”, etc. Não é preciso dizer que são afirmações sem fundamentos e medíocres, diante do enorme e bem diversificado país em que vivemos e, por isso, país que merece ser bem administrado. Essa antiga política do “deixa pra lá” já prejudicou e muito a educação no Brasil, pois em um regime democrático se a população não mostrar seus desejos e interesses, os governantes conduzirão o país de acordo com seus próprios anseios, e não segundo a vontade da maioria. Que Democracia é essa então? Citei a educação pois acredito que seja o grande motor de desenvolvimento de qualquer nação e também por ser esse o principal fator que aproxima o eleitor da política. Por isso, é nas escolas que deveria iniciar a consciência política dos brasileiros, mas infelizmente essas instituições não fazem sua parte. Disciplinas como Filosofia, Sociologia, História e Geopolítica, que tratam do assunto, são de curta carga horária nas escolas. E se prestarmos um pouco de atenção podemos até dizer que tal fator não passa de uma estratégia da elite dominante brasileira, estando no Congresso ou não, de facilitar seu controle sobre a sociedade, pois se o cidadão não gosta de política, logo ele não incomoda e não apresenta nenhuma ameaça à “ordem” estabelecida.
Outro importante meio de desqualificação da política é a grande mídia. Esta exerce grande influência na formação do pensamento do brasileiro e ajuda à população formar conceitos sobre os mais variados assuntos. Os programas humorísticos são as principais armas que ridicularizam tanto a política como os próprios políticos. Fazem piadas e satirizam candidatos e parlamentares transmitindo a imagem da política como algo banal e sem importância. Já em época de eleições a mídia (em especial a televisão) tenta se redimir dizendo para o eleitor “votar consciente”, “pesquisar o passado e as propostas dos candidatos”. Votar consciente em quem? No político que eles transformaram em palhaço? Pesquisar o passado e as propostas de quem já foi ridicularizado por eles? Infelizmente como grande parte de nossa população não possui boa formação escolar para gerar senso crítico, não percebe a falta de respeito que há com o próprio brasileiro. Pois, agindo desta forma, a grande mídia subestima a capacidade intelectual dos cidadãos e faz com que nos tornamos, cada vez mais, simples marionetes da elite brasileira. Isso por que passam quatro anos nos afastando da política e apenas alguns meses tentando nos aproximar dela.
O que fazer então para mudar essa visão negativa sobre política e despertar mais o interesse da população sobre o tema? Várias medidas podem ser tomadas, é claro que todas a longo prazo. Mas, como já afirmei, creio que nenhuma será tão eficaz do que se começarmos a pensar nisso a partir das escolas. E esta luta deve ser iniciada pelos próprios profissionais da educação, não esperando propostas do Estado, pois o que este deseja é continuar mantendo o controle sobre a sociedade e favorecendo uma classe em detrimento de outra.
Felipe Ferraz
Creio que o problema da falta de conscientização política no Brasil seja cultural, portanto endêmico. Apenas uma verdadeira revolução cultural poderia fazer algum efeito real, mas isso é utópico.
ResponderExcluirNa melhor das hipóteses, ao longo de muitas décadas o eleitorado vá fazer parte mais presente das decisões políticas, mas não creio que esta tendencia seja confirmada, o modelo político das nações emergentes é similar ao brasileiro, estados inchados e corruptos, administrando economias de grandes proporções.
Vide: Russia, China e India, as potências que dominarão este século.
A falta de conscientização política é uma ferramenta útil na mão dos detentores do poder, não vejo como eles abririam mão disso facilmente.
Silvio Victor Campos